quarta-feira, 7 de abril de 2010

Arte, cidade e patrimônio cultural

Arte, Cidade e Patrimônio Cultural




Cidade lugar onde diferentes culturas, diferentes práticas culturais. Produz, abriga e faz a circulação de diferentes formas de Arte. Arte urbana. Arte pública. Arte na rua. Arte da rua.


A expressão Arte Urbana ou street art refere-se a manifestações artísticas desenvolvidas no espaço público, distinguindo-se das manifestações de caráter institucional ou empresarial, bem como do mero vandalismo.


Arte Pública refere-se à arte realizada fora dos espaços tradicionalmente dedicados a ela, os museus e galerias. Fala-se de uma arte em espaços públicos, ainda que o termo possa designar também interferências artísticas em espaços privados, como hospitais e aeroportos. A idéia geral é de que se trata de arte fisicamente acessível, que modifica a paisagem circundante, de modo permanente ou temporário. O termo entra para o vocabulário da crítica de arte na década 1970.


Patrimônio Cultural é o conjunto de todos os bens culturais, materiais ou imateriais, que, pelo seu valor próprio, devem ser considerados de interesse relevante para a permanência e a identidade da cultura de um povo. Obras de arte que habitam a rua, que vivem em museus, obras de arte efêmeras que são registradas em diferentes mídias, manifestações artísticas do povo que são mantidas de geração em geração, que se oferecem ao nosso olhar.


Quando se preserva legalmente e na prática o patrimônio cultural, conserva-se a memória do que fomos e do que somos: a identidade da nação. Patrimônio, etimologicamente, significa "herança paterna"- na verdade, a riqueza comum que nós herdamos como cidadãos, e que se vai transmitindo de geração a geração.




O tombamento de bens culturais


Tombar alguma coisa de acordo com normas legais, equivale a registrar, com o objetivo de proteger, controlar, guardar. Tombamento, também chamado tombo, provavelmente originado do latim tomex, significa inventário, arrolamento, registro. O tombamento de bens culturais, visando a sua preservação e restauração, é de interesse do estado e da sociedade.


 A conservação dos bens culturais




Sendo o patrimônio cultural parte da herança comum da nação, a sua conservação é de interesse geral, tanto do poder público como dos proprietários e de toda a comunidade. Entretanto, a legislação indica que o Proprietário de um bem tombado é o primeiro responsável por sua integridade, cabendo-lhe, "se não dispuser de recursos para sua conservação e reparação, comunicar a necessidade das obras à Secretaria de Cultura, que providenciará a devida.

Grafite
 

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Na Pré-História, antes da escrita digital fonética, os homens da caverna pintavam nas paredes lisas e retas da caverna as imagens de caçadas e festas rituais.




Nestas paredes há pouco espaço, e o artista, tempos depois, acaba tendo que pintar as novas imagens por cima das antigas.


Gerações depois, os novos artistas pintam sobre as imagens antigas.


Esta sintaxe de sobreposições de imagens pré-histórica forma um padrão arquetípico, presente no Inconsciente Coletivo.


E esta sintaxe evoluirá, até gerar os iconesos (ícone:imagem; eso: dentro - o signo embutido da Semiótica Subliminar), do Neolítico ao neo-eclético (Pós-Moderno - Pós-Histórico).


E a mesma sintaxe hoje surge na apropriação personalizada do espaço urbano pela assinatura de grafiteiros e pichadores.


Estes se apropriam dos melhores muros, paredes, fachadas de prédios e pedestais de estátuas, para torná-los suporte midiático de suas mensagens.


E como há poucos espaços úteis a este propósito (como poucas paredes retas nas cavernas neolíticas), as tribos são forçadas a realizar a mesma sintaxe de sobreposição de imagens dos seus ancestrais, resgatando uma linguagem plástica inconsciente e adaptando-a ao espaço urbano.


Grafite pode ter a origem no termo sgraffito, técnica de decoração mural do Renascimento. Sobre um suporte de fundo escuro, passava-se um revestimento claro, o qual, depois de seco, era raspado na forma dos desenhos desejados.


Arqueólogos encontraram imagens murais e frases pichadas-rabiscadas em cidades antigas como a Pompéia romana do vulcão Vesúvio. Pichações também eram freqüentes na Grécia, Egito, entre os maias, astecas e vários outros povos.


A Antropologia Cultural prova ser outra coincidência plástica que vem comprovar a existência de um Inconsciente Coletivo, memória genética racial dos tempos das cavernas.


Os grafites são crônicas de sua época e refletem os medos e esperanças inconscientes da população que os gerou. São expressos pelo artista anônimo, poeta e desenhista ao mesmo tempo.


Grafites egípcios provaram que mercenários gregos serviam no Exército Egípcio no século VII a.C., que os navios eram construídos em docas com equipamentos semelhantes aos atuais, etc.


Banheiros públicos revelavam os recalques e os prazeres por meio de textos poéticos juntamente com desenhos rápidos, uma intermídia típica do equilíbrio entre cérebro esquerdo e direito.


Prática antropológica e estética até hoje presente nos banheiros públicos.


Pois o banheiro é o espaço da Sombra, do Inconsciente, do que é privado, oculto, e nesta praça (espaço e tempo) o artista revela-se anonimamente, expurgando (em catarse) fantasias e ódios, prazeres e medos.


O grafite-pichação ganha a magnitude de expressão plástica-política ganhando as ruas da cidade com as transformações sociais, sintomas da Pós-História.


Na revolução estudantil de maio de 1968 em Paris, os estudantes saíram pelas ruas e picharam as paredes da Sorbonne com palavras de ordem como "É proibido proibir", "A imaginação no Poder". E estas frases eram acompanhadas de desenhos, ora feitos com máscaras, ora desenhados à mão livre.


Os muros tinham a palavra, desafiando a concepção funcionalista dos espaços públicos, e foram usados para contestar o Estado, a Política, a Mídia.


A intervenção urbana foi de tamanha grandeza que saiu do movimento estudantil e foi empregada por anarco-sindicalistas e artistas plásticos, espalhando-se pelo mundo espontaneamente, do pincel atômico ao spray, chegando ao bastão punk.


Em New York, as gangues grafiteiras picham os trens do metrô, fazendo deste suporte móvel o mensageiro portador de suas mensagens, divulgando seus gostos e idéias.


Uma destas gangues, fã de Vaughn Bodé, reproduz seus personagens nos vagões, criando extensos murais.


Bodé foi um quadrinhista ligado ao comix (quadrinhos underground) que criou todo um universo coerente (ciberespaço), cheio de mulheres sensuais e lagartos cômicos. Popularizou-se com HQ's curtas em revistas de vanguarda, dono de um humor inteligente e valores da contracultura. Seu trabalho plástico passa dos quadrinhos às camisetas e adesivos, chegando aos grafites de metrô.


Grafiteiros esmeram-se no uso de cores e volumes (degradées), e o grafite dos anos 80 ganha espaço nas galerias de arte: pesquisadores universitários escrevem sobre eles, elaborando teses de Mestrado e Doutorado em todo o mundo.


No Brasil dos anos 70, um grafite-pichação torna-se famoso em São Paulo: "Cão fila km 26", seguida dos clássicos "celacanto provoca maremoto" e "gonha mó breu".


Em 1978, Alex Vallauri chega da Europa e, usando uma máscara (molde de papelão ou cartolina e spray), grafita a Bota Preta, seguida de luvas, crocodilos, telefones, até chegar aos complexos murais da Rainha do Frango Assado.

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